segunda-feira, 25 de julho de 2016

Estruturação de um Programa de Manutenção

Aprenda a estruturar a manutenção na sua empresa!

Prezados leitores(as),

Neste artigo vou dar resumidamente um caminho geral para a estruturação de um programa de manutenção em uma empresa qualquer.
Antes de iniciar o artigo vamos definir o conceito de manutenção, introduzir um tema novo que está dando uma outra dimensão a este assunto que é a gestão de ativos, apresentar os tipos de manutenção e os tipos de eventos de manutenção.
Conforme a NBR 5462/1994 (Confiabilidade e Mantenabilidade) manutenção é a combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou relocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida.
Ilustrando este conceito temos o seguinte gráfico:


Figura 01: conceito de manutenção na prática

A gestão ativos dá uma dimensão maior da manutenção e o seu sistema de gestão trabalha com a sua interface em outros departamentos e a insere na estratégia organizacional da empresa. A figura a seguir representa bem esta dimensão:


 Figura 02: Conceito de sistema de gestão de ativos do PAS 55.

Focando na manutenção vamos apresentar na tabela a seguir os tipos de manutenções, pois elas são a base das políticas de intervenções a serem definidas para os ativos.
Manutenção baseada
Tipos de manutenção
Formas de planejamento

Na condição
Corretiva “curativa” e
Corretiva “paliativa”
Não Planejada

Planejada
Preditiva ou Controlada (monitora o desempenho de um parâmetro do ativo).

Detectiva (detecta falhas ocultas em sistemas de proteção ou comando)

Melhorias

No tempo
Rotineira

Preventiva

Manutenção produtiva total (TPM)

Tabela 01: Tipos de Manutenção.

Além destes tipos de manutenção temos eventos de manutenção, nos quais um ou mais tipos de manutenção podem ocorrer simultaneamente em um período pré-estabelecido. São eles:
Eventos de manutenção:
Formas de planejamento

Obras
Planejadas

Paradas
Não Planejada
Reformas ou Retrofit [renovação]
Planejada
Tabela 02: Eventos de Manutenção.


 Definido estes conceitos podemos iniciar o tema e dizer que uma boa manutenção é realizada com análises diversas de seus históricos de intervenções que devem ser de fácil acesso e rastreabilidade.
Para tê-lo, o coração do processo se inicia pela estruturação da árvore de ativos. Esta deverá ser aliada a uma lógica de codificação (conhecida como TAG) que irá dar a localização física dos locais e relacionar os equipamentos que ocupam estas posições físicas. A seguir é apresentado um tipo de árvore de ativos:

Tabela 03: Tabela exemplo de árvore de Ativo

Na prática esta árvore de ativo funcionará conforme o exemplo: foi feita uma ampliação no ativo “SP.ADM.1A.SL05 – Sala do Jurídico” e surgiu a necessidade de adequar o ativo “SP.ADM.1A.SL05.ACJ001 – Ar condicionado janela 001 5K BTUs” para um de capacidade maior resultando a nova condição “SP.ADM.1A.SL05.ACJ001 – Ar condicionado janela 001 7K BTUs”, por isso abriu-se uma ordem de serviço para a troca do equipamento “ACJ555 - Ar condicionado janela 5K BTU marca “X” nº série/patrimônio5555” para o equipamento novo que atendesse as novas condições “ACJ777 - Ar condicionado janela 7K BTU marca “X” nº série/patrimônio7777”. Como tem outros ativos que requerem equipamentos com a mesma capacidade de 5k BTUs, e há a necessidade de ter um equipamento reserva para troca nos momentos de manutenção foi decido que o equipamento “ACJ777” faria este papel. É importante lembrar que todo o histórico de intervenções preventivas e corretiva devem acompanhar o equipamento “ACJ777” para se ter respostas a questões de desempenho esperado deste equipamento e controlar seu ciclo de vida através da “gestão de ativos”.
De posse da árvore de ativos é preciso classificar os equipamentos em A, B, ou C para definir a estratégia de manutenção para cada tipo de grupo. Por exemplo, de um modo geral os equipamentos “A” estarão sujeitos à manutenção preventiva prioritariamente, pois são equipamentos que se parados interferem no processo produtivo da empresa, já os equipamento “B” estarão sujeito a rotinas preventivas e corretivas, e, enfim os equipamentos “C” estarão sujeitos à manutenção corretiva.
Em paralelo a esta etapa é preciso definir outras parametrizações complementares que auxiliarão nas diversas análises de histórico de intervenções, são elas: a prioridade das ordens e solicitações de serviço [0-Emergência, 1-Urgência, 2-Sistemática, e, 3-Normal], os tipos de defeito padrão [Queimado, curto-circuito, desgastado,...], os tipos de causa [Sobrecarga, uso, condições, erros de operação, ...] e os tipos de ação [trocado, reparado, ajustado, ...].
Feito isso é preciso levantar o plano de manutenção preventiva que são as rotinas planejadas de atividades indicando a periodicidade e a previsão de recursos (horas de intervenção por especialidade, ferramentas necessárias e sobressalentes necessários). Nos eventos de manutenção, diferentemente da manutenção de rotina, este plano é realizado por cronogramas como os de execução ou montagem.
Uma das dúvidas que surgem na elaboração do plano é qual o ponto de partida? A resposta para este trabalho são os manuais do fabricante, manual do proprietário (NBR 14037), a NBR 5674, a NBR 15575-1:2013 a Portaria 3.523/GM, entre outras NBRs e legislações federais, estaduais e municipais.
Outro ponto que surge como dúvida é como balancear os recursos para executar as atividades deste plano? Esta etapa nada mais é do que distribuir no plano as intervenções previstas nos equipamentos para que se tenha a melhor relação “custo x benefício” dos recursos humanos empregados. As boas práticas de balanceamento de recurso indicam duas situações uma para equipamentos novos no qual geralmente ocorre menor periodicidade de intervenção no plano e em equipamentos antigos que devem começar o plano pelas intervenções mais completas e de maior periodicidade para que não seja surpreendido com problemas corretivos.
A seguir é apresentado um exemplo de balanceamento de atividades:
Ativo/Equipamento
Especialidade
Semana
1
2
3
4
5
Equipamento Novo
-
-
-
-
-
-
ACJ777
Refrigeração


M


ACJ888
Refrigeração



M

...
...




M...
Equipamento Antigo
-
-
-
-
-
-
ACJ444
Refrigeração
A




ACJ555
Refrigeração

A



...
...


A...


HH por Especialidade
Refrigeração
30
30
35
35
35
Nota: as letras nas colunas de 1 a 5 representam a periodicidade do plano de manutenção preventiva, são elas “A – anual” e “M- mensal”.
Tabela 04: Montagem e balanceamento do plano de manutenção.

Iniciado o programa é começada a análise que irá abordar tecnicamente diversos aspectos para aumentar ou diminuir as periodicidades de intervenções. Os itens abordados são: os sobressalentes trocados sofreram o desgaste aquém, além ou esperado? As condições de uso dos ativos estão aquém, além ou dentro do esperado? Ocorreram falhas não previstas que trouxeram prejuízos à organização e devem ser contempladas no plano? Entre outros.
Para esta de análise são definidos os indicadores de desempenho (conhecidos com KPIs – Key Performance Indicator), os níveis de desempenho de serviço (conhecido com SLA – Service Level Agrement), além disso são feitos estudos diversos como o de “manutenção centrada em confiabilidade” (conhecido como RCM - Reability Centered Maintenance), estudos de melhoria de ativos, relatórios de inspeção e relatórios de auditorias entre outros.
Enfim todos estes passos envolvem resumidamente a estruturação da manutenção e são fundamentais para o bom desempenho desta área em qualquer empresa, pois são com eles que garantimos ter um histórico adequado de intervenções para auxiliar nas melhores decisões do dia a dia desta área.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·         ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462:1994 – Confiabilidade e Mantenabilidade. Rio de Janeiro, ABNT, 1994, 37p.
·         ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, ABNT, 2012, 25p.
·         ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14037:2011 vs 2014 – Diretrizes para elaboração do manual de uso operação e manutenção das edificações - Requisitos para elaboração e apresentação de conteúdos. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 16p.
·         ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, ABNT, 2013, 71p.
·         ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO 55.000-1:2014 – Gestão de ativos — Visão geral, princípios e terminologia. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 23p.
·         ENGEMAN. Webcast Abril 2013: A gestão de ativos e seu impacto na manutenção. Vídeo disponível em http://engeman.com.br/pt-br/webcasts/gestao-de-ativos-e-impacto-na-manutencao/, acessado em 25/07/2016.
·         CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CBIC. Desempenho de Edificações Habitacionais. Guia Orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013.
·         CYRINO, Luis. Manutenção Corretiva – conceitos e suas implicações. Artigo publicado no site “manutenção em foco” em 23/02/2015, disponível em http://manutencaoemfoco.com.br/manutencao-corretiva-conceitos-e-suas-implicacoes/, acessado em 25/07/2016.
·         MANUTENÇÃO MUNDIAL. Tipos de Manutenção. Artigo publicado no site Manutenção mundial, disponível em http://www.mantenimientomundial.com/sites/mm/tipos.asp?lang=POR, acessado em 25/07/2016.
·         TROJAN&MARÇAL&BARAN, Flávio&Rui&Leandro. Classificação dos tipos de manutenção pelo método de análise multicritério electre tri. Artigo apresentado pela UTFPR e PUC-PR no XLV Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional em Natal de 16 a 19 de setembro de 2013, disponível em http://www.din.uem.br/sbpo/sbpo2013/pdf/arq0338.pdf, acessado em 25/07/2016.

·         MANTENIMIENTOMUNDIAL. Apresentação: Formação de TAG. Apresentação no site mantenimientomundial disponível em http://www.mantenimientomundial.com/sites/mmnew/bib/notas/Forma%C3%A7%C3%A3oTAG.pdf, acessado em 25/07/2016.