Aprenda a estruturar a
manutenção na sua empresa!
Prezados
leitores(as),
Neste
artigo vou dar resumidamente um caminho geral para a estruturação de um
programa de manutenção em uma empresa qualquer.
Antes
de iniciar o artigo vamos definir o conceito de manutenção, introduzir um tema
novo que está dando uma outra dimensão a este assunto que é a gestão de ativos,
apresentar os tipos de manutenção e os tipos de eventos de manutenção.
Conforme
a NBR 5462/1994 (Confiabilidade e Mantenabilidade) manutenção é a combinação de
ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a
manter ou relocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função
requerida.
Ilustrando
este conceito temos o seguinte gráfico:
|
Figura 01: conceito de manutenção na
prática
A
gestão ativos dá uma dimensão maior da manutenção e o seu sistema de gestão
trabalha com a sua interface em outros departamentos e a insere na estratégia
organizacional da empresa. A figura a seguir representa bem esta dimensão:
|
Figura
02: Conceito de sistema de gestão de ativos do PAS 55.
Focando
na manutenção vamos apresentar na tabela a seguir os tipos de manutenções, pois
elas são a base das políticas de intervenções a serem definidas para os ativos.
Manutenção baseada
|
Tipos de manutenção
|
Formas de planejamento
|
|
Na
condição
|
Corretiva
“curativa” e
Corretiva
“paliativa”
|
Não
Planejada
|
|
Planejada
|
|||
Preditiva
ou Controlada (monitora o desempenho de um parâmetro do ativo).
|
|||
Detectiva
(detecta falhas ocultas em sistemas de proteção ou comando)
|
|||
Melhorias
|
|||
No tempo
|
Rotineira
|
||
Preventiva
|
|||
Manutenção
produtiva total (TPM)
|
Tabela
01: Tipos de Manutenção.
Além
destes tipos de manutenção temos eventos de manutenção, nos quais um ou mais
tipos de manutenção podem ocorrer simultaneamente em um período
pré-estabelecido. São eles:
Eventos de manutenção:
|
Formas de planejamento
|
|
Obras
|
Planejadas
|
|
Paradas
|
||
Não
Planejada
|
||
Reformas
ou Retrofit [renovação]
|
||
Planejada
|
Tabela
02: Eventos de Manutenção.
Definido
estes conceitos podemos iniciar o tema e dizer que uma boa manutenção é
realizada com análises diversas de seus históricos de intervenções que devem
ser de fácil acesso e rastreabilidade.
Para
tê-lo, o coração do processo se inicia pela estruturação da árvore de ativos.
Esta deverá ser aliada a uma lógica de codificação (conhecida como TAG) que irá dar a localização física
dos locais e relacionar os equipamentos que ocupam estas posições físicas. A
seguir é apresentado um tipo de árvore de ativos:
|
Tabela
03: Tabela exemplo de árvore de Ativo
Na
prática esta árvore de ativo funcionará conforme o exemplo: foi feita uma
ampliação no ativo “SP.ADM.1A.SL05 – Sala do Jurídico” e surgiu a necessidade
de adequar o ativo “SP.ADM.1A.SL05.ACJ001 – Ar condicionado janela 001 5K BTUs”
para um de capacidade maior resultando a nova condição “SP.ADM.1A.SL05.ACJ001 –
Ar condicionado janela 001 7K BTUs”, por isso abriu-se uma ordem de serviço
para a troca do equipamento “ACJ555 - Ar condicionado janela 5K BTU marca “X”
nº série/patrimônio5555” para o equipamento novo que atendesse as novas
condições “ACJ777 - Ar condicionado janela 7K BTU marca “X” nº série/patrimônio7777”.
Como tem outros ativos que requerem equipamentos com a mesma capacidade de 5k
BTUs, e há a necessidade de ter um equipamento reserva para troca nos momentos
de manutenção foi decido que o equipamento “ACJ777” faria este papel. É
importante lembrar que todo o histórico de intervenções preventivas e corretiva
devem acompanhar o equipamento “ACJ777” para se ter respostas a questões de
desempenho esperado deste equipamento e controlar seu ciclo de vida através da
“gestão de ativos”.
De
posse da árvore de ativos é preciso classificar os equipamentos em A, B, ou C
para definir a estratégia de manutenção para cada tipo de grupo. Por exemplo,
de um modo geral os equipamentos “A” estarão sujeitos à manutenção preventiva
prioritariamente, pois são equipamentos que se parados interferem no processo
produtivo da empresa, já os equipamento “B” estarão sujeito a rotinas
preventivas e corretivas, e, enfim os equipamentos “C” estarão sujeitos à
manutenção corretiva.
Em
paralelo a esta etapa é preciso definir outras parametrizações complementares
que auxiliarão nas diversas análises de histórico de intervenções, são elas: a
prioridade das ordens e solicitações de serviço [0-Emergência, 1-Urgência,
2-Sistemática, e, 3-Normal], os tipos de defeito padrão [Queimado,
curto-circuito, desgastado,...], os tipos de causa [Sobrecarga, uso, condições,
erros de operação, ...] e os tipos de ação [trocado, reparado, ajustado, ...].
Feito
isso é preciso levantar o plano de manutenção preventiva que são as rotinas planejadas
de atividades indicando a periodicidade e a previsão de recursos (horas de
intervenção por especialidade, ferramentas necessárias e sobressalentes
necessários). Nos eventos de manutenção, diferentemente da manutenção de
rotina, este plano é realizado por cronogramas como os de execução ou montagem.
Uma
das dúvidas que surgem na elaboração do plano é qual o ponto de partida? A
resposta para este trabalho são os manuais do fabricante, manual do
proprietário (NBR 14037), a NBR
5674, a NBR 15575-1:2013 a Portaria 3.523/GM, entre outras NBRs e legislações
federais, estaduais e municipais.
Outro
ponto que surge como dúvida é como balancear os recursos para executar as atividades
deste plano? Esta etapa nada mais é do que distribuir no plano as intervenções
previstas nos equipamentos para que se tenha a melhor relação “custo x benefício”
dos recursos humanos empregados. As boas práticas de balanceamento de recurso
indicam duas situações uma para equipamentos novos no qual geralmente ocorre
menor periodicidade de intervenção no plano e em equipamentos antigos que devem
começar o plano pelas intervenções mais completas e de maior periodicidade para
que não seja surpreendido com problemas corretivos.
A
seguir é apresentado um exemplo de balanceamento de atividades:
Ativo/Equipamento
|
Especialidade
|
Semana
|
||||
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
||
Equipamento
Novo
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
ACJ777
|
Refrigeração
|
|
|
M
|
|
|
ACJ888
|
Refrigeração
|
|
|
|
M
|
|
...
|
...
|
|
|
|
|
M...
|
Equipamento
Antigo
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
ACJ444
|
Refrigeração
|
A
|
|
|
|
|
ACJ555
|
Refrigeração
|
|
A
|
|
|
|
...
|
...
|
|
|
A...
|
|
|
HH por Especialidade
|
Refrigeração
|
30
|
30
|
35
|
35
|
35
|
Nota: as letras nas colunas
de 1 a 5 representam a periodicidade do plano de manutenção preventiva, são
elas “A – anual” e “M- mensal”.
Tabela
04: Montagem e balanceamento do plano de manutenção.
Iniciado
o programa é começada a análise que irá abordar tecnicamente diversos aspectos
para aumentar ou diminuir as periodicidades de intervenções. Os itens abordados
são: os sobressalentes trocados sofreram o desgaste aquém, além ou esperado? As
condições de uso dos ativos estão aquém, além ou dentro do esperado? Ocorreram
falhas não previstas que trouxeram prejuízos à organização e devem ser
contempladas no plano? Entre outros.
Para
esta de análise são definidos os indicadores de desempenho (conhecidos com KPIs
– Key Performance Indicator), os
níveis de desempenho de serviço (conhecido com SLA – Service Level Agrement), além disso são feitos estudos diversos
como o de “manutenção centrada em confiabilidade” (conhecido como RCM - Reability Centered Maintenance), estudos
de melhoria de ativos, relatórios de inspeção e relatórios de auditorias entre
outros.
Enfim
todos estes passos envolvem resumidamente a estruturação da manutenção e são
fundamentais para o bom desempenho desta área em qualquer empresa, pois são com
eles que garantimos ter um histórico adequado de intervenções para auxiliar nas
melhores decisões do dia a dia desta área.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
·
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– Confiabilidade e Mantenabilidade.
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para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, ABNT, 2012, 25p.
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manual de uso operação e manutenção das edificações - Requisitos para
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·
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– Edificações habitacionais –
Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, ABNT, 2013, 71p.
·
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO
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geral, princípios e terminologia. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 23p.
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disponível em http://engeman.com.br/pt-br/webcasts/gestao-de-ativos-e-impacto-na-manutencao/,
acessado em 25/07/2016.
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CBIC. Desempenho de Edificações
Habitacionais. Guia Orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013.
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CYRINO, Luis. Manutenção Corretiva – conceitos e
suas implicações. Artigo publicado no site “manutenção em foco” em 23/02/2015,
disponível em http://manutencaoemfoco.com.br/manutencao-corretiva-conceitos-e-suas-implicacoes/,
acessado em 25/07/2016.
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MANUTENÇÃO MUNDIAL. Tipos de Manutenção. Artigo publicado no site Manutenção mundial,
disponível em http://www.mantenimientomundial.com/sites/mm/tipos.asp?lang=POR,
acessado em 25/07/2016.
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Flávio&Rui&Leandro. Classificação
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Artigo apresentado pela UTFPR e PUC-PR no XLV Simpósio Brasileiro de Pesquisa
Operacional em Natal de 16 a 19 de setembro de 2013, disponível em http://www.din.uem.br/sbpo/sbpo2013/pdf/arq0338.pdf,
acessado em 25/07/2016.
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MANTENIMIENTOMUNDIAL. Apresentação: Formação de TAG. Apresentação no site
mantenimientomundial disponível em http://www.mantenimientomundial.com/sites/mmnew/bib/notas/Forma%C3%A7%C3%A3oTAG.pdf,
acessado em 25/07/2016.
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