Entendendo sua necessidade!
Caro(a) leitor(a):
Vou abordar a análise ergonômica do trabalho (AET) que é um documento de emissão obrigatória a todas as empresas segundo o item 17.1.2 da NR-17.
Segundo o “manual de aplicação da NR17” há basicamente dois tipos de análises ergonômicas: uma de simples avaliação a qual não demandam a opinião de ergonomista e outra de complexa avaliação que demandam a presença deste especialista.
Em minha opinião, a primeira análise é mais generalista e seu documento gerado está mais para um simples estudo. Já a segunda análise é mais específica e seu documento gerado está para um laudo.
Voltando no manual citado, ele define que as análises ergonômicas obrigatórias são as dos segundo tipo e contextualiza o tipo de demanda que remete a sua obrigatoriedade.
Com isso, vêm as seguintes perguntas: eu preciso entender a demanda para realizar uma análise ergonômica? Como entendê-las? Poderei ter situações que demandam mais de uma análise ergonômica? E a primeira análise não é importante? E como posso fazê-la?
Vamos sanar estas questões ao longo do artigo.
A seguir seguem quatro tipos de demandas que requerem a AET (as três primeiras vêm do manual já citado e a quarta é um ponto de vista pessoal) são elas:
• A constatação de que em determinado setor há um número elevado de doenças ou acidentes (demanda de saúde) ou reclamações de sindicato de trabalhadores (demanda social)
• A partir de uma notificação de auditores-fiscais do trabalho ou de ações civis públicas (demandas legais) que, por sua vez, também se originaram de alguma queixa ou reclamação.
• Da parte das empresas, uma demanda quase sempre advém da necessidade de melhorar a qualidade de um produto ou serviço prestado ou motivado por maiores ganhos de produtividade.
• Da simples avaliação ergonômica (demanda prevencionista), ou seja, da constatação de situações complexas e específicas que necessitam da análise de um especialista. Este item é prevencionista e sua elaboração nasce de uma pré-análise do primeiro e terceiro itens.
A partir da análise destas demandas saberemos quantas AETs serão necessárias para resolver os problemas da empresa.
Pensando na primeira análise o manual cita que ela poderá ser realizada através de questionários de opinião dos trabalhadores e grades de observação das posturas, e pesquisando encontrei referências das seguintes ferramentas que correspondem a estas situações:
• Os check-lists de Hudson e Couto [1996 com versão 2014], disponibilizados para download no site da ERGOLTDA.
• Strain Index “SI” de Moore & Garb [1995],
• Protocolo de Sue Rogders [1992],
• Ergonomic Workplace Analisys “EWA”de Ahonen [1989],
• Ovako Working Posture Analisyng System “OWAS” de Ovako Oy [1977],
• Rapid Upper Limb Assessment “RULA” de McAtmney & Corlett [1993],
• Rapid Entire Body Assessment “REBA” de Hignett & McAtmney [2000],
• Equação para levantamento manual de cargas “Nioshi” de Waters [1981];
• Pontos de verificação ergonômica de MTE&FUNDACENTRO [2001].
A metodologia da análise ergonômica, segundo o manual citado, propõe um modelo que deverá conter no mínimo:
1. A análise da demanda e do contexto;
2. A análise global da empresa;
3. A análise da população de trabalhadores;
4. Definição das situações de trabalho a serem estudadas;
5. A descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades desenvolvidas para executá-las;
6. Estabelecimento de um pré-diagnóstico;
7. Observação sistemática da atividade;
8. O Diagnóstico local ou global;
9. A validação do diagnóstico;
10. O Projeto de modificações ou alterações;
11. O cronograma de implementação das modificações ou alterações;
12. O acompanhamento das modificações ou alterações;
Enfim, na análise simplificadas as ferramentas a serem aplicadas podem contribuir nos passos 3, 4, 5 e 6 desta metodologia resultando em um pré-diagnóstico que poderá ser aprofundado e ter um diagnóstico mais claro e definitivo quando realizado através de uma análise especializada com auxílio dessas e de outras ferramentas, incluindo softwares de análise ergonômica.
É importante lembrar que independente do método de análise adotado segundo a NR-17 em seus itens 17.1.1 e 17.1.2 eles devem abordar no mínimo as condições de trabalho que incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
• BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora - NR 17, de 08 de junho de 1978. Ergonomia. Diário Oficial da União, Brasília, DF, de 06/07/1978, versão com atualização até 26/06/2007, disponível em http://www.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf, acessado em 27/10/2015.
• MTE-SIT. Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. Ministério do Trabalho e Emprego – Secretaria de inspeção do trabalho, 2ª edição, Brasília, DF, MTE, SIT, 2002.
• SHIDA&BENTO, Georgia J.&Paulo E. G. Métodos e ferramentas ergonômicas que auxiliam na análise de situações de trabalho. Artigo, UFSCAR, apresentado no VIII Congresso Nacional de Excelência em Gestão em junho de 2012.
• TRZASKOS&MICHALOSKI, Jaciara D. & Ariel O. Uma revisão dos métodos de avaliação ergonômica e suas aplicações. Artigo da Universidade Estadual do Paraná UFPR apresentado no V Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção ConBRepo, Ponta Grossa, PR, 2015.
• MTE&FUNDACENTRO. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança do trabalho. Preparado pela ILO (International Labour Office) em colaboração com a International Ergonomics Association, publicado pela OIT (organização internacional do trabalho) em 1996 e traduzido pela FUNDACENTRO em 2001, São Paulo, SP.
• UNIVERSIDADE DO MILHO-ESCOLA DE ENGENHARIA. Análise ergonômica dos postos de trabalho. Tradução do guia do Finish Institute of Ocuppational Health (conhecido como EWA de 1989) por L. Gomes da Costa em 2004.
• LIGEIRO, Joellen. Ferramentas de avaliação ergonômica em atividades multifuncionais: a contribuição da ergonomia para o design de ambientes de trabalho. TCC, UNESP, Bauru, SP, 2010.
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152:1987 Versão corrigida para 1992 – Níveis de ruído para conforto acústico - Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT, 1992.
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413:1992 Versão corrigida 1992: Cancelada – Iluminação de Interiores. Rio de Janeiro, ABNT, 1992, 13p.
• Sites:
o http://www.ergoltda.com.br/checklist/index.html, acessado em 30/06/2016.
o http://docplayer.com.br/10657041-Metodos-e-ferramentas-ergonomicas-que-auxiliam-na-analise-de-situacoes-de-trabalho.html), acessado em 30/06/2016.
o https://prezi.com/w9mx_0-tkxk-/ferramentas-de-avaliacao-de-ergonomia/, acessado em 30/06/2016.
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